quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O Perdão

Quando é que se reconhece a grandeza do ser humano?
Não é quando ele dá esmola para o menino de rua, quando para o carro em frente à faixa de  pedestre e nem quando oferece carona num dia  de chuva.
Essas atitudes reforçam para nós mesmos a ideia de que, sim, somos gente fina. Mas é fácil ser gente fina reproduzindo atitudes padrão. Difícil é ser grande diante do assombro, diante do inesperado, diante do desconhecido.

Acho que entre todos os grandes gestos, o perdão é o maior deles.
Em primeiro lugar, o perdão é fruto do erro de alguém, e quanto maior este erro, maior a grandeza de quem, atingido, se  dispõe a passar por cima da própria dor e levar a vida adiante. E o perdão torna-se ainda mais digno porque ninguém se prepara para perdoar.

É  mentira quando alguém diz: eu perdoo tudo. Este tudo não pode ser mensurado previamente. Não se  sabe de antemão o tamanho do golpe.
Não se pode prever nossa reação diante do difícil reconhecimento de que alguém falhou conosco.
É fácil desculpar um atraso, um esbarrão, um esquecimento, mas o tamanho do perdão é proporcional ao tamanho do erro: estes são exemplos de perdões fáceis, corriqueiros.

Difícil é perdoar o trágico. Quem perdoa, compreende a miséria humana, compreende as atitudes  impensadas.
São considerados perdedores por causa disso. E nós, ganhamos o quê não compreendendo?

O perdão é prova de entendimento absoluto, principalmente de si mesmo. Não perdoar é isolar o outro, perdoar é entrar no jogo com ele, participar do problema, e não julgá-lo como se estivéssemos imunes à mesma fraqueza.
O perdão é o gesto mais elevado que há. Tão elevado que poucos chegam  lá.

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